Uso de torniquete por policiais militares no atendimento a terceiros

Delimitação normativa e evidência empírica

Autores

  • Paulo Vinícius Rodrigues de Matos Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG)
  • Luiz Alexandre dos Santos Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG)

DOI:

https://doi.org/10.36776/ribsp.v8i21.317

Palavras-chave:

Polícia Militar, Atendimento Pré-hospitalar, Torniquete, Policiamento Baseado em Evidências, Dever legal

Resumo

Este artigo investiga a obrigatoriedade ou discricionariedade do uso do torniquete por policiais militares em terceiros, especialmente civis, no contexto do Atendimento Pré-Hospitalar Tático (APH-Tático). Adotou-se uma abordagem quali-quantitativa e descritivo-analítica, combinando revisão bibliográfica e documental com a análise de boletins de ocorrência da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) de 2013-2017 e 2020-2024. Os resultados revelam um respaldo normativo consistente para a atuação do policial como primeiro-socorrista em casos de hemorragia em extremidades, com um aumento significativo no uso do torniquete após a institucionalização de treinamentos. A aplicação predominante em vítimas civis (mais de 90% dos casos), incluindo situações de confronto policial, evidencia a conduta ética dos agentes na preservação da vida. Conclui-se que o uso do torniquete em terceiros é juridicamente legítimo e configura um dever funcional, devendo ser integrado às diretrizes da Polícia Militar. O estudo preenche uma lacuna doutrinária ao articular evidências empíricas e fundamentos normativos, fornecendo subsídios para políticas institucionais orientadas pelo Policiamento Baseado em Evidências.

Biografia do Autor

Paulo Vinícius Rodrigues de Matos, Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG)

Major da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG).- Subcomandante do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE). Mestrando em Ciências Policiais e Tecnologias Inovadoras (Unimontes/APMMG); especialista em Ciências Jurídicas (Universidade Cruzeiro do Sul, 2023); especialista em Segurança Pública (Academia de Polícia Militar de Minas Gerais 2020); especialista em Estudos de Criminalidade e Segurança Pública (Universidade Federal de Minas Gerais, 2010), bacharel em Direito (Universidade Cruzeiro do Sul, 2023), bacharel em Ciências Militares (Academia de Polícia Militar de Minas Gerais, 2007). Especialista em Inactivação de Engenhos Explosivos (Guarda Nacional Republicana de Portugal, 2014). Operador em incidentes com armas de destruição em massa (Defense Threat Reduction Agency, Estados Unidos da América, 2015). Especialista em detecção e prevenção de contrabando de material radiológico (International Law Enforcement Academy, Botsuana, 2023).

 

CV: http://lattes.cnpq.br/9937774340732089 .

Luiz Alexandre dos Santos, Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG)

Possui Licenciatura plena em Matemática e habilitação para o magistério da disciplina Física, pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (2004);Bacharel em Ciências Militares, pela Academia de Polícia Militar da PMMG (2009);Bacharel em Direito, pela Universidade Cidade de São Paulo (2016).

 

CV: http://lattes.cnpq.br/8046515650816287 .

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Publicado

2025-12-21

Como Citar

Rodrigues de Matos, P. V., & dos Santos, L. A. (2025). Uso de torniquete por policiais militares no atendimento a terceiros: Delimitação normativa e evidência empírica. Revista Do Instituto Brasileiro De Segurança Pública (RIBSP), 8(21), 79–94. https://doi.org/10.36776/ribsp.v8i21.317